Era a nossa primeira vez. A nossa estreia. Nunca antes tínhamos navegado com a Norwegian, a companhia do estilo livre ou como dizem “Freestyle Cruising“. E por isso as expectativas eram altas. No final não nos desiludiu. E apesar dos muitos pontos altos houve alguns que deixaram a desejar…
Nesta reportagem contamos tudo sobre a nossa estreia no Norwegian Epic, um navio de 153 mil toneladas com capacidade para 4100 passageiros. Se não fosse o gigante Allure of the Seas, da Royal Caribbean, seria o maior navio de cruzeiros a navegar no Mediterrâneo em 2015.
A escolha
A principal motivação para este cruzeiro foi, essencialmente, conhecer o Norwegien Epic e a própria Norwegian. Conhecida e aclamada pelo seu “Freestyle Cruising“, onde não há horários fixos nem códigos rígidos de vestuário, comemos quando e como queremos, simples assim, pelo menos teoricamente. A companhia americana (embora de origem nórdica) revelou-se também com um forte sentido de organização, onde tudo é programado ao mais pequeno pormenor e bem executado pela tripulação. Chega a ser impressionante a forma como gerem milhares de pessoas, seja no embarque, no desembarque, no acesso aos espetáculos, restaurantes e excursões, e quase sempre sem filas de espera e com fluidez para os passageiros.
A escolha do intinerário ficou para segundo plano, pois já conhecíamos grande parte dos portos de escala. O embarque foi feito em Barcelona com paragens em Nápoles, Civitavecchia (Roma), Livorno (Florença e Pisa), Cannes (Nice e Mónaco) e Palma de Maiorca (pode ver aqui os actuais itinerários do Norwegian Epic).
Mas o que mais queríamos era o Norwegian Epic, um navio imponente (só não foi mais porque estava o Allure of the Seas mesmo ao lado! Mas percebem a ideia…), com um design exterior controverso, mas com um bom gosto interior assinalável, com amplos corredores, bares e restaurantes que encantam e, acima de tudo, uma animação constante por todo o navio.
É esse o grande trunfo do Epic: onde quer que esteja, a diversão estará consigo!
A reserva
Quando se trata de “contratar” umas férias em cruzeiros, normalmente optamos por ir ter com os especialistas. E neste caso, e apesar da Logitravel ter preços ligeiramente mais em conta, escolhemos a GlobalSea Travel por preferirmos um tratamento e acompanhamento mais pessoal, aliás como (também) o fizemos anteriormente no nosso cruzeiro no Yacht Club do MSC Fantasia (pode ler aqui a reportagem).
O Camarote
Depois da experiência no MSC Fantasia, em que viajamos numa suite deluxe com varanda, não quisemos outra coisa senão manter a emoção de um camarote com varanda. A escolha reverteu para um camarote na popa do navio, voltado para trás, com vista para os destinos que íamos deixando sempre com o rasto do navio reflectido no mar.
A localização, no deck 12, foi óptima mas na varanda, quando em navegação, notava-se bem o barulho provocado pelos motores, devido ao movimento causado no mar. No entanto a insonorização do camarote era a prova de qualquer ruído e uma vez fechada a varanda não se ouvia rigorosamente nada de lá de fora.
No interior do camarote o bom gosto imperava, preenchido com um design inovador de paredes curvadas e com utilização de vários pontos de iluminação, faziam contraste com a incompreensível… casa de banho. Aliás, nem sei se a deva apelidar dessa forma, tal é a inoperabilidade da mesma. Esta é, de facto, a nossa maior crítica ao camarote. A sanita encontrava-se de um lado, separada do camarote por um vidro semi-transparente, o mesmo com o duche, do lado oposto, e separado da mesma forma. O lavatório, com pouco mais de um palmo, fica no próprio camarote, lado a lado com a… televisão. É tal a disfunção desta “casa de banho” que é humanamente impossível não molhar metade do camarote ao lavar a cara ou até os dentes.
Gastronomia
São tantas e boas as opções que é difícil até começar… mas comecemos pelo buffet, o The Garden Cafe, que serve todo o dia, desde o pequeno-almoço ao jantar, é um espaço muito agradável e onde não se nota os muitos passageiros, mesmo em dias passados no mar, ao contrário do que acontece noutros navios. Situado na proa do navio, dois decks acima da ponte de comando, o The Garden Cafe tem vistas privilegiadas, aliás, tal como o La Cucina, restaurante italiano, que fica no deck imediatamente abaixo. Este requer registo prévio e $15 dólares por pessoa.
O Taste e o Manhattan Room são outros dois restaurantes de acesso livre onde se serve o jantar. Dois espaços de grandes dimensões, mas elegantes, um deles com música ao vivo, que completam a oferta incluída para os jantares.
Entre as incontáveis ofertas gastronómicas recomendamos o Cagney’s Steakhouse, para grelhados, requerendo reserva por $30 dólares por pessoa. O restaurante brasileiro Moderno Churrascaria, para um rodízio de carnes ($20 p.p.), o clássico francês Le Bistro ($20 p.p.), o chinês Shanghai’s ($20 p.p.), os japoneses Teppanyaki ($25 p.p.) e Wasabi (sushi) e o O’Sheehan’s servindo snacks e refeições leves durante todo o dia (24h).
Mas o mais espectacular de todos é o Cirque Dreams and Dinner. Por $30 dólares por pessoa, podemos jantar num restaurante-teatro, uma sala redonda de 2 pisos, com um palco no meio, onde artistas actuam, ao melhor estilo do Cirque du Soleil, trapezistas, malabaristas, mágicos e palhaços durante o nosso jantar num espectáculo repleto de cor, luz e som assinaláveis. Sem dúvida uma “obrigação” na agenda de qualquer passageiro.
Entretenimento
Incluirei aqui os fantásticos espectáculos a bordo do Norwegian Epic. São sem dúvida um dos ex-libris deste navio, espectáculos musicais por todo o Epic, em cada bar ou em cada esquina, lá está um piano, uma guitarra, um dueto, uma voz, sempre com o melhor som para cada gosto musical. Mesmo no Epic Theather com actuações ao estilo “broadway” (Burn the Floor, que substituiu o aclamado Blue Man Group) e concertos (Legends in Concert), com espetáculos de magia (Comedy Magic), ou uma espécie de stand-up comedy musical (Howl at the Moon), nunca uma noite poderá ser monótona com tantas opções disponíveis.
A cereja em cima do bolo, no que toca aos espetáculos, é sem dúvida o Cirque Dreams and Dinner, que já falamos em cima. Note que a maior parte destes espetáculos requerem reserva prévia, mas mesmo sem ela tornou-se fácil assistir a muitos deles.
Se isto não é animação, e para quem tem mais pedalada, há sempre o Bliss Ultra Lounge, uma concorrida discoteca no deck 7, com karaoke e música até às tantas.
Mesmo durante o dia, e principalmente no pool deck, era constante a animação, quer com música ao vivo, concursos de dança, ou exibições de esculturas no gelo.
Conceito Freestyle
Para qualquer estreante em cruzeiros o conceito freestyle da Norwegian é facilmente assimilado. Não existem códigos rígidos de vestuário, não temos horários pré-definidos para os jantares, não temos lugares marcados sempre na mesma mesa e com os mesmos companheiros. Apesar de ser um conceito único (ou quase) no mundo dos cruzeiros devemos confessar que gostamos de ter esta liberdade. Não somos adeptos de jantares pomposos, portanto, simplesmente, escolhemos os restaurantes ao nosso gosto, como queremos e quando queremos.
Para isso muito ajuda a vasta escolha em termos gastronómicos do Norwegian Epic, mas também o elevado nível de organização da companhia. Mesmo sendo necessária reserva prévia em alguns restaurantes, e até em espetáculos, nunca nos confrontamos com filas intermináveis nem morosas. Quem tinha reserva entrava por um lado balcão próprio, quem não tinha entrava por outro, sempre de forma rápida e sem demoras exageradas. A organização aqui ditava a sua lei e raramente falhava.
Organização
Outro aspecto extremamente bem organizado foi o processo de check-in e check-out. Em Barcelona, no Terminal A, foi chegar por volta das 13h (o check-in abria às 12h), entregar as malas ainda no exterior e seguir para os dezenas de balcões disponíveis. Foi uma questão de minutos entre a chegada e a entrada no Epic. Perfeito!
O check-out conseguiu superar o check-in. Na Norwegian o conceito freestyle vai ainda mais longe e permite-nos escolher exactamente quando queremos sair. Isso mesmo, queremos sair cedo, saímos, queremos sair mais tarde, também podemos sair. Basta para tal escolher uma etiqueta de cor, correspondente a cada hora de saída, desde as 6h00 até às 9h15, mais de uma dezena de intervalos de 15 minutos estão disponíveis para nossa escolha. Colocámos as etiquetas nas malas e no dia de desembarque, no horário escolhido, lá vamos nós.
Mas incrivelmente ainda há mais! Podemos até desembarcar sem etiqueta alguma nas malas, a que horas nós quisermos, sem ter que deixar a mala no exterior do camarote e depois esperar que nos entreguem já no terminal. Não! Para quem quiser levar as malas por si (aqui as rodinhas dão jeito) pode fazê-lo, bastando para tal pegar nelas… e sair do navio. Mais simples do que isto não existe! Foi o que fizemos, e, de novo, em minutos estavamos cá fora, sem esperar por malas à espera. Brilhante!
Mesmo estando a navegar na sua capacidade máxima, o Epic revelava-se “levezinho”, tudo decorria de forma suave e relaxada. Mesmo no restaurante buffet The Garden Cafe, e em dias de navegação, quando toda a gente de encontrava a bordo (4100 passageiros em ocupação dupla) nunca houve constrangimentos exagerados nos almoços. Ao contrário do último cruzeiro que efectuamos no MSC Fantasia onde houve grande afluência de passageiros no buffet, e dificuldades em obter mesas, aqui no Epic a tarefa foi bem mais fácil.
Uma palavra ainda para as excursões organizadas pela companhia. Apesar de serem extremamente caras sempre beneficiaram da boa organização do staff quer no navio, quer em terra com os guias e o pessoal de apoio.
Pool Deck
Os últimos decks do navio, onde estão as piscinas, estão divididos em 2 partes principais. A primeira, na proa do navio, é exclusiva do The Haven, a parte mais luxuosa do navio, e separada do resto. Tem piscina, restaurante, camarotes, e outras exclusividades que não estão acessíveis ao resto do navio. Portanto, o deck superior estava “cortado” ao meio, senda a restante constituída pelas piscinas para adultos, a zona dos pequenos, os escorregas para a água e ainda o espaço H2O, um anfiteatro com bar e piscina situado na popa do navio.
Este desenho do último deck, e para quem gosta das vistas para o mar, de o sentir, é que não nos parece ser o mais favorável. Quer na proa, quer na popa, dificilmente temos um contacto com o mar, já que a primeira é de acesso restrito (somente aos hóspedes do The Haven), e a segunda (H2O) é um espaço com um ecran gigante e centenas de espreguiçadeiras de um lado ao outro, deixando nenhum espaço para um passadiço pelas laterais.
Quem não gosta de uma caminhada pelo pool deck, na proa ou popa do navio, com vistas fantásticas para o mar? Pois no Epic não é possível! Os únicos sítios com passadiços exteriores é no deck 7 e mesmo assim com vista obstruída pelos inúmeros botes salva-vidas. No deck 16, das piscinas, só é possível usufruir da paisagem nas laterais do navio, e mesmo assim, sendo necessário desviar as espreguiçadeiras. Uma pena!
Vigilantes nas Piscinas
Esta foi outra das boas surpresas deste cruzeiro. A presença de um vigilante (não lhe chamaria salva-vidas) na zona das piscinas sempre atento às más movimentações dos banhistas e, principalmente, dos mais pequenos. Não era raro fazer-se ouvir, através do seu apito, a alertar as crianças para as suas brincadeiras mais ousadas, ou até a adultos para não mergulharem na piscina.
Um deles confidenciou-me que tinham tido formação há pouco tempo e que estariam disponíveis nos maiores navios da Norwegian. Tal como aqui no Epic, estariam também no Breakaway e no Getaway. Não conseguimos confirmar os vigilantes de forma oficial, mas depois do trágico acontecimento no Norwegian Gem, em que uma criança de 10 anos se afogou na piscina, foi com grande satisfação que notamos a reacção da empresa no sentido de jamais acontecer incidente semelhante nos seus navios.
Neste aspecto da organização, julgo que as companhias americanas continuam a estar um passo à frente das europeias e isso fez-se sentir também no Norwegian Epic.
Preços de Referência
Para os futuros passageiros do Norwegian Epic, aqui fica uma lista dos principais serviços não incluídos:
– Internet WiFi: 24$ por dia, ou 75$ por 100 minutos, ou 125$ por 250 minutos, ou ainda 0.95$ por minuto.
– Pacote de Jantares: $119 por pessoa
– Pacote de Bebidas: $59 por dia por pessoa
– Excursões: as mais comuns variam entre os $99 e $349 por pessoa
– Restaurantes: Cagney’s ($30), La Cucina ($15), Le Bistro ($20), Teppanyaki ($25), Moderno ($20), Cirque Dreams and Dinner )($30).
– Chamadas Telefónicas: $4.99 por minuto.
– Fotografias: 19.99$ por foto, 124$ por 10 fotos ou 169$ por 20 fotos.
– Bebidas: Expresso 2$, Cervejas a partir dos 6$, bebidas espirituosas a partir dos 10$
Conclusão
O Norwegian Epic é um navio que gerou controvérsia pelo design exterior, mas por dentro, está no pelotão da frente. Os seus amplos espaços interiores, as inúmeras opções de restauração e a superior qualidade dos seus espectáculos fazem do Epic um dos melhores navios de cruzeiro. É certo que tem alguns apontamentos menos felizes, e aqui incluo a “casa de banho” ou a ausência de um passeio exterior que nos “aproxime” do mar, no entanto os seus trunfos e pontos positivos compensam largamente os negativos.
Por tudo isto o Blog dos Cruzeiros recomenda vivamente o Norwegian Epic a todos os leitores que se reviram nesta reportagem. Como sempre ficamos disponíveis para qualquer esclarecimento sobre o navio da Norwegian!
There is also an english version of this norwegian epic review.
Bom dia estou para embarcar dia 28/08/2016, neste cruzeiro e é a 1ª vez? Pode informar que tipo de bebidas estão incluidas, como por exemplo agua?
E ós espataculos gratis é necessário reservar com antecedência?
Agradeço desde já uma resposta estou cheia de dúvidas, e como não domino inglês aind pior.
Cumprimentos
Elisabete Verde
Bom dia
Vou fazer este cruzeiro em outubro, estou com uma dúvida, será que posso desembarcar às 7.30 é que o meu avião parte às 9.55 tenho que estar no aeroporto por volta das oito.
Outros dúvida tenho o pacote de bebidas incluído como oferta de que consta
Obrigada
Manuela
Olá Francisca,
Teoricamente no EPIC pode desembarcar quase desde que o navio atraca no porto.
No nosso caso, o EPIC atracou ainda de madrugada, pelo que desde as 6h00 que se fazia desembarque.
Também no EPIC se quiser levar as suas próprias malas, sem ajuda do camareiro, pode fazê-lo e aí desde que esteja atracado sai a que horas quiser.
Se o navio chegar antes das 7h30 julgo que terá mais que tempo para sair, por si e com as malas.
No entanto tem que ver que pode haver atrasos, embora sejam improváveis no caso do navio.
Boas férias!
Olá Elisabete. Peço desculpa mas só vi agora a sua mensagem. 🙁
Espero que tenha um excelente cruzeiro.