Uma equipa de especialistas criada pelo governo norueguês vai recomendar o aumento das restrições aos navios de cruzeiro, especialmente durante o Inverno, e às escalas no Arquipélago de Svalbard, um território no Círculo Polar Ártico, administrado pela Noruega e muito popular entre os turistas.
Com o progressivo fim da pandemia os navios de cruzeiro, de várias dimensões, estão a voltar à costa da Noruega especialmente aos pequenos portos ao longo dos fiordes.
A comissão de técnicos foi formada após o incidente, em Março de 2019, com o navio Viking Sky, que foi atingido por uma violenta tempestade com ondas de vários metros, pondo em causa a segurança da embarcação e dos passageiros.
O navio da Viking, que na altura navegava perto da costa, perdeu propulsão e a energia, exigindo uma operação de salvamento por via aérea. O incidente causou indignação na Noruega e resultou na formação de uma comissão do Ministério da Justiça para analisar o incidente e fazer recomendações.
Menos Cruzeiros no Inverno
A comissão, liderada por Kjerstin Askholt, ex-governadora de Svalbard, concluiu que o incidente do Viking Sky mostrou como as operações de busca e salvamento da Noruega não estão dimensionadas para lidar com evacuações em massa de grandes embarcações com milhares de passageiros a bordo.
“Um aumento no tráfego de cruzeiros também aumenta a probabilidade de ocorrência de acidentes“, disse Askholt, que recomendou uma regulamentação mais rigorosa para o tráfego de navios de cruzeiros. Apesar da falta de luz, os cruzeiros de inverno na Noruega continuam populares devido à possibilidade de ver as Auroras Boreais.
Askholt destacou que é comum a Noruega fechar estradas nas montanhas durante o Inverno rigoroso. “Talvez devêssemos também fechar partes da costa quando o tempo estiver muito adverso“, disse citada pela Forbes.
A comissão fez dezenas de recomendações para reduzir o risco de acidentes. Isso inclui a restrição de embarcações com mais de 150 metros de comprimento de navegar em clima de Inverno rigoroso, com base na velocidade do vento e na altura das ondas.
Mudanças também em Svalbard
Novos regulamentos já foram propostos para limitar o impacto ambiental do tráfego de navios de cruzeiros no frágil ecossistema do Ártico em redor de Svalbard.
Como a preparação para emergências se torna mais difícil à medida que os navios de cruzeiro navegam mais para Norte, o relatório da comissão recomendou várias outras restrições, incluindo um limite de capacidade não superior a 750 passageiros em navios de cruzeiro que navegam nas águas de Svalbard.
As recomendações terão forte impacto no setor do turismo e nos cerca de 2500 moradores de Svalbard. Como a mineração de carvão praticamente desapareceu, a principal fonte de rendimento de Longyearbyen provém do turismo. Os navios de cruzeiro abastecidos com combustível pesado já foram banidos do Arquipélago de Svalbard.
Apesar da importância da indústria do turismo, a Noruega tem um histórico de introdução de restrições aos navios de cruzeiro. O país adotou anteriormente uma resolução para permitir que navios de cruzeiro com emissões zero naveguem nos seus fiordes, listados como Património Mundial da UNESCO (Geirangerfjord e Nærøyfjord).