Nada como fugir do frio do continente e embarcar num cruzeiro para climas e águas mais quentes como as Ilhas Canárias podem oferecer.
Foi exatamente isso que fiz no final de novembro quando aceitei o convite da MSC Cruzeiros para fazer o itinerário de estreia do MSC Opera com embarque e desembarque no Funchal, na belíssima ilha da Madeira.
Numa altura em que entravamos num período mais frio no continente, foi ótimo poder ir à praia, fazer longas caminhadas com o sol primaveril das Canárias, e, claro, passear pelo bonito centro do Funchal.
Este é um itinerário incrível para os portugueses! Não só porque podem fugir do clima mais fresco do continente, como também, rapidamente, podem embarcar e desembarcar em Portugal, a menos de 2 horas de voo de Lisboa ou do Porto. Para os madeirenses, então, é ouro sobre azul, com o navio à porta de casa.

Renovado em 2024, o MSC Opera tem capacidade para 2658 passageiros e oferece duas piscinas, parque aquático para os mais pequenos, jacuzzis, spa, ginásio e muito entretenimento durante o dia e, principalmente, à noite, onde destaco os espetáculos no magnífico Teatro dell’ Opera.
Com uma diversidade natural incrível, vida selvagem fascinante e culturas intrigantes, as Ilhas Canárias cativam com as suas vistas espetaculares e beleza indomável.
Foi precisamente o que fomos descobrir por estas ilhas vulcânicas, num itinerário de 7 noites e com passeios nos portos de escala já bem programados!
Vou mostrar-vos a beleza destas ilhas nos nossos roteiros diários, maioritariamente feitos a pé – já que o navio atraca em portos mesmo ao lado das cidades – mas também em excursões que fizemos aos locais mais pitorescos.
✅ Dia 1 – Funchal

Começou cedo o dia de embarque no MSC Opera com um voo madrugador do Porto até ao Funchal. Às 6h00 saímos num voo TAP com destino ao Funchal onde chegaríamos por volta das 8h00.
O nosso embarque estava marcado para as 15h, pelo que tínhamos muito tempo para explorar um pouco do centro da cidade. Apanhamos um Uber, que na realidade foi mais um Bolt (a Uber não presta serviços na Madeira) e por 20 e poucos euros levou-nos até ao Mercado dos Lavradores, bem no centro do Funchal.
As próximas horas foram passadas a deambular pela cidade, onde acabaríamos por almoçar. Saímos do Mercado dos Lavradores e exploramos a Av. Arriaga, passamos pela Sé Catedral e pelo Jardim Municipal, até ao Parque da Santa Catarina, antes de descer até ao Museu CR7.
Um pequeno passeio pela Av. Do Mar, em frente ao porto, permitiu tirar umas belas fotos dos navios atracados, o MSC Opera e o Adventure of the Seas.

Depois seguimos para o porto, numa caminhada de 15 a 20 minutos. É uma das vantagens deste porto, que se situa bem perto do centro da cidade.
O check-in no terminal do Funchal foi rápido e estávamos a bordo em poucos minutos.
✅ Dia 2 – Navegação

Estes dias são sempre bons para conhecer melhor o navio, não que houvesse outra alternativa, já que estamos em pleno Oceano Atlântico.
A primeira impressão do MSC Opera é o estado geral muito bom do navio, o que não é alheio o facto de ter sido revitalizado este ano.
De facto, o meu camarote está muito agradável, com uma decoração de tons mais fortes com um grande espelho central e tudo o que é necessário para usar carregadores, com a disponibilidade de tomadas americana e europeia.
A varanda é espaçosa com duas cadeiras e uma pequena mesa de apoio. O quarto de banho está como novo, embora não seja espaçoso, muito menos a zona do duche.

É muito fácil “navegar” pelas áreas públicas do navio e estão todas muita bem decoradas já com o espírito natalício em todas as esquinas. Na decoração nota-se predominantemente os tons dourados e uso de espelhos.
Estas áreas comuns dividem-se entre os decks 5 e 6, além da zona das piscinas. Existem muitos bares e cafés sempre com mesas disponíveis, mais difícil é arranjar espreguiçadeiras no deck das piscinas, sobretudo em dias de navegação.
Fiquei agradavelmente surpreendido com este deck, com duas belas (e renovadas) piscinas, acompanhadas por dois jacuzzis dispostos ao centro. Além disso, ainda tem, no seguimento das piscinas, um pequeno parque aquático para os mais pequenos, com fontes, jatos e repuxos.
O MSC Opera é um navio relativamente pequeno, mas circula-se bem entre os espaços e não notei excessivas aglomerações, mesmo sabendo que o navio estava com uma ocupação de cerca de 80%.
✅ Dia 3 – Santa Cruz de Tenerife

Primeiro porto de escala nas Canárias foi Santa Cruz de Tenerife, co-capital deste arquipélago e importante porto comercial.
O porto de cruzeiros fica bem no centro da cidade, pelo que é muito fácil a deslocação, caso não opte por uma excursão organizada, como foi o nosso caso. Tínhamos previsto um curto roteiro que nos levou por algumas das principais atrações da cidade.
Começamos pela Praça de Espanha, mesmo em frente ao porto e subimos até ao Espacio de las Artes de Tenerife, um edifício moderno, dedicado à cultura com uma bela biblioteca, que hoje, domingo, estava repleta de entusiastas da leitura.
Mesmo ao lado, situa-se o mercado mais emblemático da cidade, La Recova, um edifício histórico, ao estilo colonial, e onde se pode sentir o pulsar da cidade, com todo o tipo de comércio local de produtos frescos. O espaço não é apenas frequentado pelos habitantes locais, mas é, também, uma atração com muitos turistas de todas as nacionalidades.
A Igreja de Nuestra Señora de la Concepción foi a próxima paragem, a principal igreja da cidade, também apelidada de Catedral de Santa Cruz pelos habitantes locais.
O almoço foi num restaurante mais típico, fora dos circuitos mais comuns dos turistas, e não podiam faltar as habituais tapas, com destaque para os calamares e para os vários tipos de polvo preparados pela chefe de serviço.
Da parte da tarde, e ainda com muito tempo disponível, fomos até ao Parque García Sanabria, o maior parque urbano das Ilhas Canárias e um oásis verde no meio da cidade, repleto de esculturas e fontes.

A nosso roteiro passou ainda pelo novo Auditório de Tenerife, um impressionante edifício futurista projetado pelo arquiteto Santiago Calatrava. A forma lembra uma onda gigante e é uma das imagens mais conhecidas da cidade desde 2003, ano em que foi inaugurado.
Este auditório é a casa da Orquestra Sinfónica de Tenerife e abriga uma ampla gama de eventos, incluindo concertos de música clássica, óperas, balés, espetáculos de jazz e eventos internacionais.

Para quem pretende fazer praia neste destino e aproveitar o sol maravilhoso de inverno (mas como se fosse verão) a praia mais aconselhável é a Praia das Teresitas, a cerca de 15 minutos de autocarro. Esta praia de areia dourada contrasta com outras praias situadas nas redondezas, mais à base de cascalhos e seixos.
É possível apanhar um autocarro, mesmo em frente ao porto, que nos leva até à Praia das Teresitas.
Já bem cansados, e já com o pôr do sol instalado, regressamos ao MSC Opera para mais um jantar de gala.
✅ Dia 4 – Las Palmas de Gran Canária

A capital da Gran Canária é a maior cidade de todo o arquipélago com mais de 300 mil habitantes e uma das maiores de Espanha.
Las Palmas é um destino de férias durante todo o ano, famoso por ter um dos climas mais agradáveis do mundo, com temperaturas médias anuais entre 20°C e 25°C.

Hoje não foi exceção e o sol esteve presente durante toda a nossa escala na ilha, que nos permitiu, não só percorrer a cidade com temperaturas de verão, como, também, dar um salto a uma das praias mais conhecidas da região, a Playa de Las Canteras, nas imediações do porto de cruzeiros.
A praia estava repleta de turistas e locais, mesmo sendo uma segunda-feira, e todos desfrutavam de um belo sol de dezembro, com temperaturas a rondar os 26 graus. A praia é servida por uma enorme calçada que percorre toda a praia com múltiplos bares, restaurantes e esplanadas.
Mas o dia começou pelo centro histórico desta cidade vibrante. Apesar de ser relativamente perto, optamos por evitar uma caminhada mais longa e apanhamos um autocarro para o centro, bem perto do Mercado De Vegueta.
Neste mercado tradicional comercializa-se todo o tipo de produtos locais como frutas tropicais, queijos, vinhos e produtos típicos da gastronomia canária.

Daqui subimos até à impressionante Catedral de Santa Ana, um dos monumentos mais importantes das Ilhas Canárias, tanto do ponto de vista religioso como arquitetónico.
A sua construção começou em 1497 e foi a primeira catedral a ser erguida no arquipélago, simbolizando a consolidação do cristianismo na região. É possível subir às suas torres e desfrutar de vistas panorâmicas do oceano e de Vegueta, o bairro histórico onde se insere.
Ao lado do amplo edifício, situa-se a Casa de Cólon, um museu histórico e cultural intimamente ligado à passagem de Cristóvão Colombo pelas Ilhas Canárias nas suas viagens ao Novo Mundo.
Ainda no bairro antigo passamos pela bonita Plaza de Cairasco, onde se situa o Gabinete Literário, um edifício gerido por uma sociedade literária e cultural dedicada à promoção das artes, ciências e literatura.
Las Palmas é, de facto, uma cidade grande, com um movimento próprio de uma capital e que tem um pouco de tudo, desde belos edifícios modernos como contrastam com a arquitetura histórica do tempo das descobertas.
✅ Dia 5 – Puerto del Rosário, Fuerteventura

Em Fuerteventura tivemos a primeira excursão organizada pela MSC, um passeio de jipe pelo norte da ilha, onde tivemos a oportunidade de visitar o Parque Natural de Corralejo, os Vulcões de Bayuyo, as Praias de Concha e Aguila, em El Cotillo, e o Miradouro de Vallebrón.
Fuerteventura destaca-se das outras ilhas que já visitamos pelas vastas planícies áridas, praias de areia dourada e paisagens desérticas, sendo menos montanhosas, apesar da origem vulcânica.
A nossa primeira paragem foi no Parque Natural de Corralejo, para subirmos às suas dunas de areia branca que contrastam com o azul turquesa do mar.
Daí, seguimos para o Vulcão de Bayuyo, apenas um de uma série de vulcões que moldaram toda esta região há mais de 50 mil anos. Apesar de inativo, como todos os vulcões da ilha, a sua estrutura e cratera estão bem preservadas e é possível subir até ao seu topo, numa longa caminhada.
Em dias claros e limpos pode-se ver a ilha vizinha de Los Lobos, – criada precisamente por este vulcão e atualmente parque natural protegido – e também a ilha de Lanzarote. Hoje não foi o caso, com muita poeira trazida pelos fortes ventos do deserto do Saara.

Como o nome da ilha indica, Fuerteventura é extremamente ventosa devido à inexistência de altas montanhas. Não havendo montanhas também não há precipitação significativa e dificilmente cresce vegetação, sendo a agricultura escassa.
Descendo o vulcão, dirigimo-nos para a localidade de El Cotillo para visitar duas praias típicas, mas completamente distintas. A primeira, Playa La Concha, situada numa pequena baía e bem resguardada do mar mais agitado da costa oeste, é a mais bonita. Tem, também, a particularidade de ser uma praia onde é permitido fazer nudismo.
A outra é a Praia da Águia, uma praia com altas falésias moldadas pela erosão da costa oeste, mais fustigada pelas marés e pelos ventos e a preferida dos surfistas. De difícil acesso, a praia é constituída por um longo areal de areia dourada.
Antes do regresso ao MSC Opera, passamos por um dos pontos de observação mais espetaculares de Fuerteventura, o Miradouro de Vallebrón. Daqui, temos panorâmicas incríveis das paisagens áridas e montanhosas que caracterizam esta região.
Vallebrón é um vale profundo e extenso, cercado por colinas vulcânicas e formações geológicas únicas. O seu miradouro tem vistas preferenciais para o oceano e para a sagrada Montanha de Tindaya, portadora de vários exemplos de gravuras rupestres nas suas encostas.

Fuerteventura é uma escolha perfeita para quem pretende fugir das outras ilhas, mais cosmopolitas. Ideal para férias de praia, tanto a norte como a sul, é também um destino importante para quem pratica desportos aquáticos que tirem partido dos fortes ventos que percorrem a ilha durante quase todo o ano.
✅ Dia 7 – Santa Cruz de La Palma

Depois de um dia de navegação desde Fuerteventura, chegamos a Santa Cruz de La Palma, capital da ilha conhecida pelas suas paisagens dramáticas, orografia acentuada e, claro, os seus ativos vulcões.
A nossa excursão de hoje era, precisamente, visitar a ponta sul da pequena ilha, onde se encontram, dois dos mais importantes vulcões, o San Antonio e o Teneguia.
O outro – que não visitamos – é o Cumbre Vieja, o mais recente na sua atividade, já que entrou em erupção em 2021, causou forte impacto na ilha e atraindo a atenção mundial. A erupção deste vulcão durou uns incríveis 85 dias e criou centenas de hectares em novas terras sem, no entanto, deixar de devastar aldeias, plantações e outras infraestruturas. ☹️
O primeiro vulcão que visitamos foi o de San Antonio, em Fuencaliente, no extremo sul da ilha e cuja última erupção data de 1677. De igual modo ao Cumbre Vieja, o vulcão de San Antonio criou novas terras e, apesar da paisagem vulcânica, nasceram aqui várias infraestruturas como um hotel de 5 estrelas e um centro dedicado ao vulcanismo.

Mesmo ao lado, nasceu também outro vulcão, o Teneguia, mais pequeno, mas mais recente, já que entrou em atividade em 1971. É mesmo possível verificar as camadas de lava solidificada, uma mais clara, do San Antonio, e outra mais escura, e praticamente sem vegetação, do Teneguia.
Mesmo junto ao mar, existem as Salinas de Fuencaliente, que constituem uma importante atração do sul da ilha de La Palma. Foram construídas em 1967, antes da grande erupção do Teneguia, cujas lavas, milagrosamente, não atingiram as salinas, que ainda hoje estão em funcionamento. Produzem sal marinho de alta qualidade, usado tanto para consumo como para preservação dos peixes.
Nesta excursão ainda fomos visitar uma “bodega” – adega vinícola – onde se produz vinhos únicos desta região, especialmente os de uva Malvasía, conhecida pelos seus aromas doces e delicados.
A viticultura na ilha é influenciada pelas condições vulcânicas do solo, o clima subtropical e a altitude, que juntos, conferem características especiais aos vinhos locais.

A Bodega Teneguia produz vinhos brancos, tintos e os premiados vinhos de sobremesa de Malvasía. Também oferece degustações e visitas guiadas, com explicações sobre a produção e a influência do solo vulcânico nos vinhos.
O porto de Santa Cruz fica, tal como nas outras ilhas do arquipélago das Canárias, bem perto do centro da cidade, o que nos permitiu explorar as suas ruas mais conhecidas e almoçar num restaurante típico.
Conclusão
O desembarque do MSC Opera no Funchal, logo pela manhã, ainda nos permitiu mais umas voltinhas pela cidade. Fomos até Câmara de Lobos provar a famosa poncha, mas também a nikita, bebida feita com gelado de baunilha e sumo de ananás. De seguida, ainda subimos ao Cabo Girão para contemplar as magníficas vistas do Funchal e do oceano.
Embarcar aqui ao lado, no Funchal, durante o Inverno, permite desfrutar de um cruzeiro feito para explorar novas culturas, paisagens incríveis, gastronomia única e sentir as temperaturas amenas das Ilhas Canárias.
O navio apesar de antigo está como novo, é simpático, extremamente relaxante e com muitas atividades durante o dia. À noite o MSC Opera ganha ainda mais vida com os espetáculos no teatro, as festas no deck da piscina, a música ao vivo em vários bares e o DJ residente na discoteca.
Uma nota para a tripulação: sempre atenciosa e super simpática com todos os passageiros, poucas filas nos bares e celeridade no serviço. O jantar no Restaurante La Caravella então, foi do melhor que já vi na MSC ao nível do serviço, sempre com os pratos a serem servidos no devido tempo. O Aroma Coffee Bar, por cima da receção, era onde servia o melhor café, e sempre com um sorriso da tripulação que falava português 🙂 Um senão para o buffet Le Vele, muito pequeno e congestionado nas horas de ponta.
Uma nota altíssima para as pizzas servidas no Il Patio Pizza & Pasta, mesmo à saída do buffet. Aqui são confecionadas entre 600 a 800 pizzas, todos os dias, e com a qualidade a que já estamos habituadas: ótimas e recomendadas!

Este cruzeiro é ideal para quem:
- Pretende escapar do frio do continente e embarcar mesmo aqui ao lado, a menos de 2 horas de distância;
- Aprecia boa gastronomia e novos sabores canários;
- Gosta de explorar a natureza e a vida selvagem;
- Descobre novas culturas e aldeias típicas;
- Adepto de desportos aquáticos;
O MSC Opera vai ficar no Funchal até final de março com itinerários de 6 a 9 noites para as Ilhas Canárias, com escalas em Santa Cruz de Tenerife (Tenerife), Arrecife (Lanzarote), Las Palmas (Gran Canária), Puerto del Rosário (Fuerteventura) e Santa Cruz de La Palma (La Palma).
A MSC Cruzeiros tem disponível a possibilidade de incluir um pacote de voo ida e volta de Lisboa ou Porto.
Até ao próximo cruzeiro!